terça-feira, 9 de outubro de 2012

Eleição de SRN: o ruim sempre pode piorar



As eleições municipais de 2012 em São Raimundo Nonato começou a ser definida em favor do grupo Ferreira em 2008, quatro anos antes.

 

A apertada vitória obtida pelo prefeito Herculano – pouco mais de 300 votos – contra o candidato Valmir Ferreira deveria ter acendido um alerta e despertado, de imediato, no grupo vitorioso um sentimento de unidade apto a criar uma barreira intransponível para o  retorno dos então derrotados, tidos como malbarateadores do dinheiro público.  

Não foi o que aconteceu. Ao contrário. O grupo vitorioso, liderado pelo prefeito Herculano, não se esforçou para acomodar os grupos que se juntaram – PTB e PMDB – na última hora para possibilitar a vitória do PT. Todo o restante da gestão, o governo andou dessa forma: não abriu espaços para os aliados, concentrando praticamente tudo na mão do PSB e numa parte diminuta (muita diminuta, diga-se) parcela na mão do PT.

Dois anos depois, 2010, outra falha concorreu para vitória de Avelar Ferreira. Por conta de uma desavença, Beto Macedo não apoiou Hélio Isaías, PTB, para a eleição de deputado estadual. Macedo preferiu Fábio Novo do PT.

Para piorar o que já era muito ruim, o governador eleito, Wilson Martins, que não teve apoio do grupo dos Ferreira, resolveu acomodar generosamente membros do família Ferreira no governo. Cargos comissionados foram distribuídos aos borbotões, ajudando a incrementar o orçamento doméstico da turma do 55. Faltou muito pouco, mas muito pouco mesmo, para que uma Secretaria importante não fosse jogada no colo do deputado Edson Ferreira. Talvez saia agora.

E os erros não pararam por aí:

1 – Problemas judiciais enfrentados pelo prefeito acabaram por criar um clima de animosidade entre os partidários do vice-prefeito Beto Macedo e os do prefeito Herculano;

2 – Indefinição de um nome de consenso abriu espaço para  que um grupo formado por 05 partidos criasse um fato político, que culminou com a entrada do comerciante Iran na disputa para prefeito, fragilizando, mais ainda,  as aspirações do grupo do Beto;

3 – Lavagem de roupa-suja em palanque, protagonizada pelo Deputado Marcelo Castro e o prefeito Herculano nos últimos comícios – chegaram a pensar em não dar voz ao atual prefeito Herculano, impedindo-o de subir no palanque ( santo Deus!!!).

E por aí vai.

O certo é que a vitória veio, consagrada por mais de oito mil votos. É bem verdade que não foi uma vitória maiúscula ( pouco mais de 6%) , mas definitiva do ponto de vista de consolidação de um método, de um estilo, de um jeito de fazer política. E o povo gostou. Aprovou. Aplaudiu. Votou.

Na semana passada, demonstrei, num texto publicado aqui, a minha baixa expectativa com o povo. E o povo, do qual falei, não é só aquele que vive nos grotões, nos guetos da cidade. Não. Os votos vêm – e são muitos -  do povo que se auto-intitula  civilizado, letrado, que vive no centro, que tem acesso aos bens de consumo, que viaja de férias, que anda em shopping, que usa cartão de crédito, que toma Mcdonalds, que usa roupas de marca, que toma champanhe e uísque doze anos.

Os mais de oito mil votos dados ao prefeito Avelar Ferreira é a confirmação de que os que votaram se espelham nas ações dele, no estilo dele.

Tudo que foi feito na gestão anterior do prefeito, que o Tribunal de Contas do Estado entendeu como lesiva ao interesse público, reprovando suas prestações de contas do ano de 2004, tida como regulares por 07 valentes e vendidos vereadores, foi agora legitimada pelo entusiasmo de mais de oito mil eleitores, “co-autores”, agora, dessas práticas.

Poderiam me perguntar, algum atento leitor: “ os votos dados ao Beto, por exemplo, seriam iluminados, conscientes, dignos de quem tem noção de civilidade e bom senso, portanto o oposto dos direcionados ao vencedor?” Estaria eu, então, dividindo a cidade entre os bárbaros dos Ferreira e os sábios do Beto?

Não, absolutamente. Não vou operar com essa lógica porque ela não segura em pé. Evidente que votar no Beto Macedo não é sinal, por si só, de consciência. Não há motivo para emplacar esse tese. O mote é outro.

Havia outros candidatos. Havia a possibilidade de se votar em branco ou nulo, que pode parecer absurdo, mas não é, afinal é um direito que a própria lei faculta. Seria uma das várias formas de dizer não a um modelo, a um estilo. Dizer não a quem tem como método o assalto ao erário.

Só há uma conclusão irrefutável, inegável, inatacável: canalizar votos para um ex-gestor que se comportou como se comportou quando passou pelo gerenciamento da coisa pública é a confirmação de que o povo é bárbaro, e que a preocupação com o bem coletivo é só conversa mole, de gente mentirosa.

Dias piores virão para São Raimundo Nonato (não que os dias atuais tenham sido alvissareiros). A natureza humana não costuma mudar.

O novo (de novo, não tem anda)  gestor, mais velho do que antes, tem os mesmos vícios que carrega desde sempre. Está pronto para entrar em campo e aplicar o seu método, método esse que transformou a cidade e a prefeitura num antro de agiotagem, corrupção e devassidão.

Que ele e seus oito mil eleitores comecem o processo de destruição de uma cidade que não se cansa de apanhar. E vai apanhar muito por longos anos que virão pela frente.

É isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário