sexta-feira, 28 de setembro de 2012

6.000 acessos ao blog



Não comemorei os 6.000 acessos ao blog – hoje já são mais de 6.500. Passei em branco. Estava, na seqüência, comemorando, mil a mil, os acessos.

A não-comemoração se deu, ou a comemoração não se deu (como é saboroso brincar com isso)  não pela falta de entusiasmo, ao contrário, mas pela contrição e pela “preocupação” em sempre manter atualizado o espaço com notícias, opiniões num local aberto ao diálogo e a pluralidade de idéias.

Em meados de junho iniciei a publicação. De lá para cá, venho atualizando. Tenho tido boas surpresas. E espero poder continuar preenchendo e opinando, sempre atento aos fatos mais marcantes.

De nossa aldeia para o mundo. Ou o movimento inverso: do mundo para a nossa aldeia.

Obrigado.

Jefferson diz que nada tem a reclamar sobre a condenação no mensalão

Jefferson diz que nada tem a reclamar sobre a condenação no mensalão
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DE SÃO PAULO

Um dia após a maioria do Supremo Tribunal Federal votar por sua condenação no processo do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) afirmou nesta sexta-feira (28) que nada tem a reclamar do que aconteceu e que recebe com serenidade a decisão dos ministros.
"Não sou vítima de ninguém, a não ser de mim mesmo. Nada a reclamar", diz Jefferson, em nota publicada no seu blog.

O ex-deputado ainda utilizou uma expressão latina para explicar sua situação: "Dura lex, sed lex" (a lei é dura, mas é a lei).


Leonardo Wen - 19.set.2012/Folhapress
Roberto Jefferson assiste julgamento em sua casa no Rio
Roberto Jefferson assiste julgamento em sua casa no Rio

Apesar disso, Jefferson afirma não ter concordado com as imputações contra ele.
"Não vendi o meu partido ao PT nem me apropriei para fins pessoais de nem um centavo sequer do dinheiro que a mim chegou para financiar campanhas eleitorais. Muito menos sou delator, alcunha com que tentam à força me marcar."

Ontem, por seis votos a zero, a maioria do STF condenou o ex-deputado por corrupção passiva.
Jefferson denunciou o esquema em entrevista à Folha em junho de 2005. Na entrevista, o então deputado federal do PTB revelou a existência de uma mesada paga aos deputados para que votassem a favor de projetos de interesse do governo.

O ex-deputado, que se afastou da presidência da sigla na quinta-feira, é acusado de receber R$ 4,5 milhões do valerioduto para votar a favor do governo no Congresso, depois de fechar um acordo em que o PT prometeu entregar R$ 20 milhões para o PTB.

Ele admitiu em depoimentos que recebeu os valores, mas afirma que desconhecia a origem ilícita dos recursos e nega ter votado a favor do governo em troca de dinheiro. Diz que as negociações com o PT faziam parte de um acordo para as eleições municipais de 2004.

O relator Joaquim Barbosa, o revisor Ricardo Lewandowski, e os ministros Rosa Weber, Cármen Lúcia, Luiz Fux e Gilmar Mendes votaram por condenar Jefferson.

Ainda faltam votar os ministros Marco Aurélio, Celso de Mello e o presidente da corte, Ayres Britto.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Caso Fernanda: MP e antimaquiavelismo




A institucionalização dos conflitos e das tensões sociais é o cerne do regime democrático.

Evitar que os conflitos desbordem, extravasem, e cheguem às “ruas”, é o desafio maior. Cumprido esse desiderato, a contento, pode-se chegar a um estágio interessante de convívio, um momento “civilizado” do sistema.

É claro que o dinamismo da sociedade e suas complexidades imanentes são capazes de produzir fatos sociais que escapam dessa tentativa de “domesticar” e civilizar. O convívio social é mais complexo do que qualquer idéia que tenha por fim constranger, na acepção pura do termo, impulsos e ímpetos humanos.

Lançar mão de instituições fortes é o único caminho a ser trilhado por uma sociedade que quer contar com esse canal civilizador. Os que são alçados à condição de timoneiros dessas instituições devem ter a noção exata do seu encargo. Pesa sobre eles o compromisso de zelar por elas.

É inescapável que a ausência desses cuidados acabou por transformar a atuação dos membros do Ministério Público do Estado do Piauí, no caso Fernanda, numa pantomima, num verdadeiro contra-exemplo de como uma instituição deve se portar.

Ainda que o trabalho da polícia federal tivesse referendado todas as hipóteses levantadas pelos membros do órgão ministerial, responsáveis pelo caso, a forma como foram colocadas essas hipóteses – sempre com ilações sem lastro e ofensivas desmesuradas, além de uma jocosidade ímpar – tangenciaram o fantasioso, o espetaculoso, o irrazoável e o flerte com o absurdo.

 Neste caso, e em todos os outros que exijam a participação de agentes políticos, é preciso ter grande cuidado com os meios empregados para que os fins não restem imprestáveis.

Infelizmente os meios utilizados pelos membros do MP – entrevistas, posturas, falas, manifestações em redes sociais -  durante toda essa arenga desqualificaram-se por si só.

A narrativa científica apresentada pela Polícia Federal, no entanto, trilhou por outro caminho. Ombreou com a civilidade. Os meios empregados qualificaram o fim, ainda que esse fim não tenha sido acolhido de bom grado pelos que não se desvencilham da possibilidade do assassinato.

A grande diferença neste caso todo, acredito, repousou nesse antimaquiavelismo: os meios qualificando os fins, em contraposição aos fins que justificam os meios.  

A trajetória construída pela busca da verdade num estado democrático de direito deve ser hígida. Os meios empregados são tão importantes, ou mais, quanto os resultados obtidos.

É o cuidado com o percurso, com os passos dados, que revela o nível de nossas instituições, de nosso aparelho repressor, de nossa capacidade de, como citado no início, instituticionalizar conflitos e tensões para que eles não assaltem a razão e a civilidade, valores difíceis de ser construídos, mas fáceis de serem calcado aos pés. Fica a lição.

  

 Zeferino Júnior






terça-feira, 25 de setembro de 2012

Política de SRN: perguntas e perguntas



O posicionamento do Ministério Público Eleitoral, no caso do registro de candidatura do ex-prefeito Avelar Ferreira, não foi bem uma reviravolta no caso. Longe disso.

Foi, na verdade, uma novidade que pode atrasar o julgamento e criar um clima de tensão pós-campanha, caso o ex-prefeito vença as eleições.

O MPE, em seu parecer, entendeu que o processo deve retornar ao TRE do Piauí para que o órgão aprecie se as irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas do Estado são insanáveis, ou seja, se é caso de improbidade administrativa.

Se os ministros do Tribunal Superior Eleitoral entenderem que, realmente, o processo tem que voltar para o TRE, como defendeu o Procurador, o processo toma outros rumos e as coisas começam a se complicar.

São duas situações:

1 – O TSE não acata o posicionamento do Procurador e julga, de imediato, o processo, deferindo ou indeferindo o registro de candidatura do ex-prefeito Avelar Ferreira.

2 -  O TSE acata o posicionamento do Procurador e manda o processo de volta para Teresina. Neste caso, os juízes do TRE_PI vão decidir se as irregularidades são sanáveis ou insanáveis.

Pelo teor da parecer do Tribunal de Contas, dificilmente se pode alegar que as irregularidades apontadas pelo Tribuna de Contas do Estado são sanáveis, contornáveis. Como descrito na peça, não restam dúvidas da insanabilidade.

Bom. A pergunta que não quer calar:

se o TRE-PI entender que as irregularidades são insanáveis, o TSE se vincularia a essa decisão, indeferindo o registro?

Ou o contrário também deve ser questionado:

o TRE-PI julgando sanáveis forçaria o TSE a confirmar a decisão anterior do TRE, que deferiu o registro.

Perguntas e perguntas. O imbróglio jurídico começa ganhar contornos de drama. Só resta esperar o julgamento, que deve ocorrer por esses dias.

É aguardar.