domingo, 24 de junho de 2012

SRN cem anos: a cidade são as pessoas







Cem anos. Dez décadas. Uma vida. E São Raimundo está aí, viva, pulsante e alegre. Uma cidade que quer viver, que não renuncia a sua condição de liderança, uma cidade que viu a força do seu povo construir, durante cem anos, tijolo a tijolo, uma história vitoriosa, marcada por lutas e enfrentamentos, disputas, consensos e dissensos, suor e lágrimas

Um passado longínquo, ancestral, gravado nas pedras, perdido no barro, enterrado nas cavernas é a porta para um futuro que insiste em não chegar. Enquanto isso, no calor extenuante do dia e nas noites geladas de junho a agosto, o seu povo vive no presente, lutando, sofrendo e se divertindo, construindo a sua história cotidiana e emprestando à cidade a sua marca particular de vida.

É no presente, no entanto, que a história é construída. Que o homem do campo, que vive lutando contra a natureza, que vive rezando pedindo chuva, que acredita no amanhã, ainda que este amanhã insista em vir sempre ensolarado, azulado, sem resquícios de água.

É nesse mesmo presente que o homem da cidade, que também espera por chuva para minimizar o calor que maltrata, que ajuda a construir o cotidiano citadino, que aproveita a vida que lhe é oferecida, e que se movimenta para manter viva a chama do trabalho e do lazer, contribui para a construção e a eterna reconstrução do seu lugar querido. 

Não, não quero falar do passado nem do futuro, nesse dia. Como disse o poeta Drummond:





Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros.
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considero a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.






Nos cem anos, prefiro, pois, falar do presente, dessa dimensão que importa. O futuro que tanto se promete, que tanto se almeja, que tanto se busca, eu deixo para os profetas, para os que podem, com o poder que lhe és dado pelo povo, modificar a vida.

Nos cem anos, não vou falar do passado. Deixo esse espaço de tempo para Niede Guidon, investigadora do passado, transformadora do presente e arquiteta do futuro. A cidadã centenária que acreditou num sonho de pedra, de rabiscos e fez de nossa cidade um enigma a ser decifrado pelos que virão. Uma mulher que, na minha opinião, permitiu se pensar em ser grande, um dia.  

A minha pequena dimensão é esse presente magro, duro, que coloco aqui nessa fala despretensiosa, cheia de símbolos, inundada de sentimentos, prenhe de esperanças no presente.

Fico assim com o tempo do agora. E parabenizo a todos que construíram essa cidade, principalmente as pessoas anônimas, as que, sem alarde, ajudam a mover esse agrupamento humano de mais de 30  mil pessoas. Essas são a verdadeira cidade.

A cidade são as pessoas. Os cem anos, na verdade, acontecem nas pessoas. São elas que me leem agora. São elas que sentem, que se reproduzem, que são esse verdadeiro organismo vivo. As ruas, os becos, as vilas de São Raimundo só existem porque existem o seu joão, a dona Maria, o seu Francisco e todos os outros ilustres anônimos desse município. A cidade é deles.  

O resto é, como dizia o poeta, paisagem. Parabéns ao povo dessa cidade por essa data tão importante. É preciso começar, a partir de agora, os próximos cem.





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