sexta-feira, 30 de novembro de 2012

pré-sal:os verdadeiros beneficiados

pré-sal:os verdadeiros beneficiados



Acompanho, com certo ar blasé ( e com bocejos), a briga pelo dinheiro do petróleo. Os nossos “estadistas” piauienses empreendem uma cruzada em busca dos valores oriundos da exploração do petróleo no litoral brasileiro.

Querem eles, e todos os que vivem nessa terra árida, que o estado e as prefeituras do nosso miserável território passem a receber a prebenda financeira, que promete dar um alívio aos cofres públicos dos nossos municípios chinfrins e caóticos.

Já visualizo os gestores de olho nos valores.  Acostumados, a maioria, a assaltar os cofres públicos, de onde, é o que parece, não se pode tirar mais quase nada, os prefeitos estão ávidos pela verba sem carimbo que promete chegar já no mês janeiro de 2013.

Vai ser uma farra. Mais carros novos. Mais apartamentos e casas de luxo. Sem falar nas incursões mais frequentes nas chamadas "casas de saliência" da capital mafrense.

Outra turma que está comemorando, irmãos siameses da maioria dos prefeitos, é a da agiotagem. Essa, sim, será diretamente beneficiada. Acostumados a tomar conta dos municípios, os agiotas estão felicíssimos. As velhas e novas dívidas vão poder ser cobradas. E não há mais desculpas para o inadimplemento. E assim caminha a nossa história de falcatruas.

Basta uma leitura rápida sobre a transição nas prefeituras do estado. Os derrotados estão, em sua maioria, saqueando os já saqueados cofres públicos. Há informações que há montantes consideráveis depositados, vejam só!, nos cofres particulares dos prefeitos, em suas residências.

Os que vão entrar, em sua maioria, denunciam. Vão repetir, no entanto, a mesma prática daqui a quatro ou oito anos. Se conseguirem eleger o sucessor, não haverá denúncia. Vai ficar tudo como está. E o sucessor, com os ombros envergados pelo peso do apoio, vai seguir a cartilha imposta pelo seu patrono. E quatro ou oito anos depois, a mesma postura. Enfim.

Só uma saída a curto prazo: cadeia neles!. Infelizmente, isso não está no horizonte. Há, no máximo, uma reprovaçãozinha de conta aqui e acolá. Uma multazinha e, quem sabe, um período parco de inelegibilidade. Só.

Esse novo aporte financeiro, se a mãe dos pobres – a nossa Evita – não vetar, vai servir, apenas, para melhorar a vida dos gestores. E de sua prole. A população do município, miserável desde sempre, vai continuar no miserê.

Ouço e leio coisas assim sobre a redistribuição do dinheiro do petróleo: a verdadeira reforma tributária, a redenção das regiões pobres, o justiçamento social e os outras impulsividades de sempre vocalizadas pelos analistas de plantão.

Não vejo nada disso. Aposto um doce que as condições estruturais e sociais das cidades beneficiadas vão permanecer as mesmas. Os hospitais do interior vão continuar matando, tanto por omissão como por comissão; o lixo vai continuar fazendo parte da paisagem citadina; a educação vai continuar a produzir analfabetismo funcional. E assim vai.

O pré-sal, se vier, não ajudará a minimizar a miséria secular que nos acompanha. No máximo, tornará a vida de alguns, que labutam, diretamente, com o poder público, um pouco melhor.

Assim caminha a nossa mediocridade, com ou sem pré-sal.

É isso.

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