A Voz e a vez do Poeta | ||
Cineas Santos
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Em mais de uma oportunidade, afirmei que, ao longo da vida, tenho sido apenas um camelô da boa literatura produzida pelos outros. Como leitor, professor, editor, procurei sempre difundir e louvar o que deve ser louvado, como queria o poeta. Com a palavra Salgado Maranhão, uma das vozes mais consequentes da moderna poesia brasileira: Sou da terra dos tambores que falam. E guardo no corpo a memória que acorda o silêncio. Eu vi a lua descer para assistir minha mãe dançar. Passei a infância correndo atrás do sol, pés descalços pelos matagais por entre cascavéis e beija-flores cedo aprendi o milagre das sementes: minha mãe abria a terra e eu semeava os milharais os campos de arroz e as colheitas. Sou um negro orgulhosamente bem-nascido à sombra dos palmares. Eu tenho os olhos na espreita e os bolsos cheios de pedras, eu sou quem não se conforma com a sentença ou desfeita, eu sou quem bagunça a norma, eu sou quem morre e não deita. Quando você estiver lendo essa colagem que fiz com os poemas de Salgado, nosso irmão estará voando para os Estados Unidos onde lançará “Sol Sanguíneo” em 52 universidades americanas. Justa colheita para quem apostou tudo na poesia, esse nada que, para alguns, é tudo. |
segunda-feira, 10 de setembro de 2012
A Voz e a vez do Poeta
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