segunda-feira, 10 de setembro de 2012

A Voz e a vez do Poeta

A Voz e a vez do Poeta

Cineas Santos

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A Voz e a vez do Poeta


Em mais de uma oportunidade, afirmei que, ao longo da vida, tenho sido apenas um camelô da boa literatura produzida pelos outros. Como leitor, professor, editor, procurei sempre difundir e louvar o que deve ser louvado, como queria o poeta. Com a palavra Salgado Maranhão, uma das vozes mais consequentes da moderna poesia brasileira:

Sou da terra
dos tambores que falam.
E guardo no corpo a memória
que acorda o silêncio.
Eu vi a lua descer
para assistir minha mãe
dançar.
Passei a infância
correndo atrás do sol,
pés descalços pelos matagais
por entre cascavéis e beija-flores
cedo aprendi o milagre
das sementes: minha mãe
abria a terra
e eu semeava os milharais
os campos de arroz e as colheitas.
Sou um negro
orgulhosamente bem-nascido
à sombra dos palmares.
Eu tenho os olhos na espreita
e os bolsos cheios de pedras,
eu sou quem não se conforma
com a sentença ou desfeita,
eu sou quem bagunça a norma,
eu sou quem morre e não deita.


Quando você estiver lendo essa colagem que fiz com os poemas de Salgado, nosso irmão estará voando para os Estados Unidos onde lançará “Sol Sanguíneo” em 52 universidades americanas. Justa colheita para quem apostou tudo na poesia, esse nada que, para alguns, é tudo.

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