terça-feira, 18 de setembro de 2012

Política, SRN e vida besta

Política, SRN e vida besta


 

A política, no interior e nas capitais do país, alimenta-se de ataques e achaques. É o manjar dos candidatos e dos eleitores. É o momento, digamos, mais vibrante da campanha. As promessas vazias e as idéias vagas são só lateralidades, glacê de bolo. O mote mesmo é a ofensa. Atacar abaixo da linha de cintura é o esporte predileto de quem ataca e de quem assiste.

São Raimundo não escapa dessa máxima. Ao contrário: tornou-se especialista, vende exemplos. É a fonte de onde promana um rosário de ofensas. Quem quiser se especializar nisso, bom que assista aos duelos travados nas terras semi-áridas do sertão nordestino.

O ambiente lembra muito bem o velho oeste americano: cidade fantasma, poeira subindo ao vento, assobios produzido pelo vento seco que se intromete nas frestas das construções abandonadas, donzelas (ops!), cavaleiros solitários, foras-da-lei, mocinhos(será?) e vilões aos borbotões (com certeza).  

Ah!, ia esquecendo: e um banco, leia-se, prefeitura recheada de dinheiro público (leia-se: de “ninguém”). Está montado o cenário para o duelo ao pôr-do-sol, e  põe sol nisso.

Como o “conflito” se dá, ainda bem, dentro do estoque de adjetivos negativos da língua portuguesa, os afetados não “sangram”. Seus corpos, incólumes, vicejam. A alma, essa sim, já perdida  nos círculos do inferno de Dante ( é só uma metáfora, gente, por favor), dos candidatos são debilmente corroídas pela saraivada de munição despendida contra suas (re) putações.

Engano meu. A alma, de tão lacerada, já se acostumou ao bombardeio. Com feridas ainda não cicatrizadas, o honra (alma) não é atingida. Há só, quando muito, uma reação histérica rapidinha. Depois, como nas rapidinhas sexuais, tudo se acalma e se rearranja. Volta-se ao casulo. Refeita do sacolejo provocado por imprecações vertidas pelo adversário.

E o corpo do povo? E a alma do povo? Como ficam. Ficam extasiados. Sobem ao píncaro, refestelam-se e agradecem aos protagonistas por permitirem um pouco de emoção às suas vidinhas bestas.

A eleição é, sem dúvida, o ópio do povo. O vapor barato. A diamba que permite um pouco de emoção nos dias que correm. Ao verem a vida privada e pública de seus candidatos expostas, devassadas, o povo vive o seu júbilo, o seu regalo.

É pena que só são três meses. Depois tudo volta ao normal. E a normalidade, esse motor que move a história, esmaece, perde força, deixando todos órfãos do espanto que tanto anima a vida besta de um povo besta que vota, que ri, que goza.   

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