segunda-feira, 6 de agosto de 2012

EUA: Corrupção é tratada assim


EUA: Corrupção é tratada assim
José Maria Vasconcelos, josemaria001@hotmail.com

 



            Em tempo de julgamento de bandidos que assaltam as fortunas do país, descaradamente, certos de que, protegidos sob guarda-chuva da impunidade, dos recursos jurídicos e da cumplicidade de advogados, magistrados e ministros, ainda vale a pena o crime no Brasil. O país é um celeiro de leis, porém uma fonte inesgotável de astúcias. 

            Os americanos sempre servem de paradigma aos brasileiros. Que tal imitá-los na punição aos bandidos políticos? Lá, corrupto vai para a cadeia, mesmo, e é julgado como qualquer cidadão, sem imunidade nem fórum privilegiado. E, olhe, o nível de corrupção nos EUA é assombroso, mas a lista de presos e condenados por corrupção e desvio de dinheiro público é enorme. Por trás das campanhas eleitorais, forças poderosas de empresários milionários operam de forma anônima, ilegalmente, protegendo políticos que, em recompensa, os defendem no topo da pirâmide da riqueza.

          Como no Brasil, EUA entraram na rota de colisão com a consciência moral e cívica. Há, porém, uma virtude que falta às autoridades brasileiras: punição severa à bandidagem em geral. Aqui, sempre funciona um jeitinho safado de tolerância e refugo legal a quem paga melhor. A conduta imoral não preserva policial nem magistrado ou gestor público. Pagar bem  salário ao profissional não significa livrá-lo da corrupção, porque dignidade é um tesouro inacessível ao dinheiro.

   Cidadãos americanos, bem como brasileiros, enojados com o avanço da corrupção, logo mais, pobres e trabalhadores  ocuparão as ruas em busca de justiça. Assistiu-se, em 2011, durante a Parada Cívica de 7 de Setembro, em várias metrópoles, uma gigantesca manifestação popular, convocada pelas redes sociais da internet.

            No Brasil, tem-se a impressão de que a farra de liminares virou carnaval: magistrado anulando autoridade de magistrado, malandro divertindo-se de ciranda e bombaquim. Nos EUA, a farra é de algemas, prisão, condenação e perda de mandato. Ex-governador será julgado por vender sua vaga de senador, deixada por Barack Obama para assumir a presidência dos EUA. O antecessor do ex-governador, pegou 6 anos de cadeia. Um prefeito de cidade próxima de Nova Iorque foi preso, em julho, e mais 40 políticos, por receberem dinheiro de construtoras. Um deputado federal cumpriu 7 anos de cadeia, condenado por corrupção. Outro deputado federal foi agraciado com 8 anos de prisão por receber prêmios milionários. Uma prefeita condenada por manipular verbas públicas. Não citei nomes, por absoluta economia de espaço.

            A constituição americana não admite fórum privilegiado a gestores e autoridades públicas. O jurista James Jacobs, entrevistado pela Globo, surpreende-se com a cultura e leis brasileiras de oferecer privilégios e recursos de defesa a bandidos, em prejuízo dos cidadãos.

      Se continuar o carnaval de malandragens sob os auspícios da impunidade, muito em breve o Brasil amargará uma quarta-feira de cinzas e quarentenas de penitências por gerações.

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