EUA:
Corrupção é tratada assim
José Maria
Vasconcelos, josemaria001@hotmail.com
Em tempo de julgamento de bandidos que assaltam as
fortunas do país, descaradamente, certos de que, protegidos sob guarda-chuva da
impunidade, dos recursos jurídicos e da cumplicidade de advogados, magistrados
e ministros, ainda vale a pena o crime no Brasil. O país é um celeiro de leis,
porém uma fonte inesgotável de astúcias.
Os americanos sempre servem de paradigma aos brasileiros.
Que tal imitá-los na punição aos bandidos políticos? Lá, corrupto vai para a cadeia,
mesmo, e é julgado como qualquer cidadão, sem imunidade nem fórum privilegiado.
E, olhe, o nível de corrupção nos EUA é assombroso, mas a lista de presos e
condenados por corrupção e desvio de dinheiro público é enorme. Por trás das
campanhas eleitorais, forças poderosas de empresários milionários operam de
forma anônima, ilegalmente, protegendo políticos que, em recompensa, os
defendem no topo da pirâmide da riqueza.
Como no Brasil, EUA entraram na rota
de colisão com a consciência moral e cívica. Há, porém, uma virtude que falta
às autoridades brasileiras: punição severa à bandidagem em geral. Aqui, sempre
funciona um jeitinho safado de tolerância e refugo legal a quem paga melhor. A
conduta imoral não preserva policial nem magistrado ou gestor público. Pagar
bem salário ao profissional não
significa livrá-lo da corrupção, porque dignidade é um tesouro inacessível ao
dinheiro.
Cidadãos americanos, bem como brasileiros,
enojados com o avanço da corrupção, logo mais, pobres e trabalhadores ocuparão as ruas em busca de justiça. Assistiu-se,
em 2011, durante a Parada Cívica de 7 de Setembro, em várias metrópoles, uma
gigantesca manifestação popular, convocada pelas redes sociais da internet.
No Brasil, tem-se a impressão de que a farra de liminares
virou carnaval: magistrado anulando autoridade de magistrado, malandro
divertindo-se de ciranda e bombaquim. Nos EUA, a farra é de algemas, prisão,
condenação e perda de mandato. Ex-governador será julgado por vender sua vaga
de senador, deixada por Barack Obama para assumir a presidência dos EUA. O antecessor
do ex-governador, pegou 6 anos de cadeia. Um prefeito de cidade próxima de Nova
Iorque foi preso, em julho, e mais 40 políticos, por receberem dinheiro de
construtoras. Um deputado federal cumpriu 7 anos de cadeia, condenado por
corrupção. Outro deputado federal foi agraciado com 8 anos de prisão por
receber prêmios milionários. Uma prefeita condenada por manipular verbas
públicas. Não citei nomes, por absoluta economia de espaço.
A constituição americana não admite fórum privilegiado a
gestores e autoridades públicas. O jurista James Jacobs, entrevistado pela Globo,
surpreende-se com a cultura e leis brasileiras de oferecer privilégios e
recursos de defesa a bandidos, em prejuízo dos cidadãos.
Se continuar o carnaval de malandragens
sob os auspícios da impunidade, muito em breve o Brasil amargará uma
quarta-feira de cinzas e quarentenas de penitências por gerações.
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