sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"Mensalão usou carro-forte"


DE BRASÍLIA


Ao tratar do chamado núcleo operacional do mensalão, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel,
destacou que o grupo utilizou até carro-forte para transportar recursos do esquema.
O procurador disse que pelo menos R$ 73 milhões foram desviados do Banco do Brasil, uma das fontes de recursos que alimentava o esquema, segundo a denúncia.

Gurgel disse aos ministros que Simone Vasconcelos, ex-diretora da agência SMPB, de Marcos Valério, disse em depoimento que um carro-forte foi contratado para levar R$ 650 mil em espécie.
Parte dos recursos foram entregue a outro réu no processo, João Claudio Genu, ex-assessor parlamentar do PP.

Gurgel disse estranhar o valor em espécie. "Algo que poucas agências têm em espécie nos dias de hoje", afirmou.

O procurador afirmou ainda que os documentos comprovam que foram fechados pela empresa do publicitário Marcos Valério, operador do mensalão, empréstimos simulados. "Na verdade autênticas doações para financiar o esquema ilícito. Os empréstimos foram realizados sem garantias mínimas de pagamento", disse.

"É contraditório a empresa conseguir empréstimo para capital de giro e distribuir so recursos entre os sócios", completou.

SEGUNDO DIA

O procurador iniciou por volta das 14h25 desta sexta-feira a leitura da acusação contra os 38 réus no mensalão, o que deve levar, segundo o cronograma do julgamento, cerca de cinco horas.

O Ministério Público Federal denunciou 24 envolvidos no esquema por formação de quadrilha, 10 por corrupção ativa, 13 por crime de corrupção passiva, 35 são acusados de lavagem de dinheiro e quatro respondem por gestão fraudulenta.

A expectativa é que ele centre esforços no chamado núcleo político da ação penal, que envolve o ex-ministro José Dirceu, chamado de chefe de quadrilha pelo Ministério Público Federal, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-presidente do PT, José Genoino, o publicitário Marcos Valério de Souza, operador do mensalão.
MAL-ESTAR
O primeiro dia de julgamento do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal) expôs ontem um racha entre o relator do caso, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, ao definir que todos os réus serão julgados na Corte e favoreceu a estratégia da defesa de adiar a análise da denúncia.
Barbosa e Lewandowski divergiram sobre o pedido da defesa para o desmembramento do processo levando os réus sem foro para primeira instância, o que foi rejeitado. O embate foi interpretado pelos ministros como sinal de que outros enfrentamentos devem surgir ao longo da análise da denúncia.
O julgamento foi encerrado com o relatório de Barbosa. Em quase uma hora, ele fez uma leitura técnica de seu relatório, com os principais pontos da denúncia e as alegações dos acusados. Ele citou nominalmente todos os 38 réus, lembrando os crimes imputados a cada um deles.

Nenhum comentário:

Postar um comentário