quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mensalão e o seu atrevimento

Amanhã começa o julgamento do mensalão. Já escrevi sobre. Mas, para não ficarmos de fora, voltemos ao tema.



Há um sentimento vicejando nos corações dos brasileiros: a expectativa do julgamento do mensalão, escândalo político protagonizado pelos próceres do Partido dos Trabalhadores, que mostrou organização e profissionalismo no trato com as ferramentas aptas a assaltar os cofres públicos.

Os cenários são diversos, para o desfecho do caso. Especialistas apontam esta ou aquela situação. Os réus, apreensivos, também fazem suas contas. Medo de encarceramento, temor pela reputação arranhada por uma suposta condenação e o constrangimento de ver um partido político que nasceu vestido com a bandeira da ética - e dela tentou fazer sua segunda pele - desnudado e manchado por um escândalo que abalou os alicerces já corroídos da nossa república.

O Procurador Geral da República não teve dúvida ao oferecer a denúncia: " uma quadrilha chefiada por José Dirceu que desviou dinheiro público para distribuir aos congressistas em troca de apoio". Simples assim.




Não foi a imprensa "golpista", não foi a direita monstruosa, não foi o PSDB que nominou nem inventou a história. As pegadas e as digitais dos petistas estão em cada nota dos milhões transacionados entre a empresa do publicitário Marcos Valério, o Banco Rural, dirigentes do PT e deputados "convidados" para fazer parte da festa promovida pelos comandantes do Partido que governava e que governa o país.

Depois de sete anos chegou a hora do Supremo Tribuanal Federal julgar. Cabe aos ministros pôr um ponto final nisso tudo e, diante das provas, delimitar culpas e aplicar o ordenamento jurídico, como está previsto.

A velha e ridícula desculpa de que as forças reacionárias, em concurso com a mídia "golpista", conluiaram-se para golpear o governo de um operário que saiu da entranhas do povo é só uma tese diversionista e tosca. É brincar com a nossa inteligência. É canalhice das grossas.

Não que outras agremiações partidárias não façam o mesmo. Fazem sim. A diferença é que nunca um partido na história decrépita de nossas intituições trabalhou com tanto cálculo, com tanta organização. O método foi aperfeiçoado. E fez história.

O STF tem em mãos a oportunidade histórica, caso encontre fundamento para a condenação. É um momento ímpar da nossa vida republicana. O resultado pode dizer o que somos e o que queremos ser como nação. A absolvição pode acontecer, é evidente. Mas ela tem que vir com uma carga de fundamentos capaz de contrariar uma montanha de documentos que dizem que houve a mesada.

Não creio, no entanto, que a imagem do ex-presidente Lula seja arranhada, caso aconteça a condenação. O homem ganhou traços de inimputáveis. Nada cola nele. É um demiurgo: um ser que transita acima do bem e do mal.

A população mais pobre não sabe nem o que se passa. E tá pouco se lixando para uma condenação que manche a história de vida desse "herói dos oprimidos".

E os que têm acesso a informações, os que são capazes de entender e compreender as relações de causa e efeito, muitos deles torcem pela absolvição, afinal acreditam que os esquemas criminosos perpetrados pela "turma" do filho da Dona Lindu vieram para nos salvar dos fascistas de direita, dos eternos culpados de sempre, desde que o mundo é mundo.

Roberto Gurgel, o atual Procurador Geral da República, foi no ponto: " foi o mais atrevido escândalo de corrupção da República". Fiquemos, então, com essa imagem posta pelo Procurador Geral. Ela nos diz muito.

Zeferino Júnior

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