terça-feira, 14 de agosto de 2012

Medo e melancolia

Os dias correm no seu ritmo de sempre. Nada mudou: o tempo não deu aquela acelerada que parece acontecer toda vez que olhamos o calendário. O passar das horas avança no mesmo compasso de sempre.

                                                                     




 A vida avança e se mostra, para a grande maioria dos mortais, medíocre, tola, até. É aquela sucessão de coisas sem um sentido aprumado. Trabalhamos, comemos, vivemos sem grandes expectativas. A nossa vida não é um espanto. Quando nos espantamos com algo que sai do curso normal das coisas, de duas uma: ou é uma tragédia inominada, ou um gozo rápido, quase imperceptível, de algo muito bom, que, por ser bom, tem características de rapidez e intensidade.

Estamos vivenciando eleições municipais. Uma algazarra de candidatos a candidatos a salvadores da humanidade. Homens destinados a criar um novo tempo, uma nova vida para todos, um novo amanhã alvissareiro. Homens que decidiram se dedicar à humanidade. Gandhi, Luther King, Mandela morreriam de inveja.

                                                     




Ao assisti-los, ao ouvir suas falas, sou alcançado pela melancolia, aquele sentimento que diz que não temos a menor chance de salvação. Somos uma nave sem rumo. Um barco em meio a uma grande tempestade, à noite.

Nada me acorda dessa letargia. Sou sem graça. Não vejo por que se animar. A história da humanidade é uma procissão de monstruosidade. A guerra na Síria, por exemplo, é um exemplo cabal de que nascemos para eliminar o outro. Um ditador sanguinário, tendo como adversários fanáticos sanguinários, promove um banho de sangue no país – crianças são mortas a baciadas.

Quem assistiu à captura de Kaddaffi, na Líbia, e viu o seu martírio – empalaram o monstro do deserto – não pode esperar muita coisa de um futuro que se anuncia. Não dá.

No Brasil, ainda se tenta, depois de 500 anos, aplicar a lei. O Judiciário pode muito contra quem pode pouco; e pode pouco, contra quem pode muito. Nesta república de bananas, a farra, a maracutaia e algazarra são acolhidas de bom grado.

O povo, esse mesmo que quando tomba um caminhão com mercadorias corre para saquear, aprecia mais os programas de auditório e a novela das oito, do que qualquer outro tipo de notícia.

Mensalão? O que é isso; ética: como é? Nada aponta para uma melhora substancial. Aqui e ali, aparece este ou aquele exemplo que nos anima.

E a vida segue em busca de sentido. Desbussolada. A pós-modernidade impõe o enfrentamento dos medos que nos assaltam. O medo da violência, o medo da polícia, o medo da picanha gorda, o medo panelada, o medo da ausência de ômega três no organismo, o medo das superbactérias, o medo dos microorganismos, das ondas eletromagnéticas e o medo do outro, do esquisito, do diferente...de tudo.

Somos todos uns medrosos. Se um dia superarmos todos os medos de hoje, outros aparecerão para nos encurralar....não tem saída...

Zeferino Júnior

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