Política
Livre-arbítrio, por Dora Kramer
Dora Kramer, O Estado de S.Paulo
O
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não poderia ter sido mais
claro na entrevista que deu à Folha de S. Paulo neste domingo.
Por
enquanto não quer briga nem rompimentos com a presidente Dilma
Rousseff, muito menos com o ex-presidente Lula, só que não renuncia à
sua autonomia político-partidária.
Não vincula seu destino e seus
movimentos às conveniências do PT, tem uma visão bastante objetiva sobre
o significado de alianças e nem de longe considera que a parceria com o
governo federal inclua cláusula de submissão incondicional.
Portanto,
qualquer que tenha sido o teor da conversa durante o jantar marcado
para ontem com a presidente da República, certamente não se poderá dar
ao encontro a conotação de "enquadramento" tão ao gosto das versões
oriundas do Palácio do Planalto.
O governador pernambucano vem se
destacando no cenário como um fato novo: não faz o esparramo de um Ciro
Gomes, não vocifera no vazio como alguns oposicionistas, não é ladino ao
molde de diversos aliados do governo e fala com todos os efes e erres
exatamente o que dez entre dez políticos ditos governistas vivem
resmungando pelos cantos.
E o que murmuram? Que o PT não respeita
procedimentos, desqualifica os aliados (os adversários, aniquila), faz
jogo duplo, atropela regras e só pensa em si. Atua com o único propósito
de consolidar seu projeto de poder numa dinâmica de desconsideração
total em relação aos projetos dos parceiros que são tratados como meros
anexos.
Com isso, cria problemas e não constrói soluções para o governo.
Por
ora Eduardo Campos não parece se apresentar como candidato a presidente
da República em 2014, embora seja ótimo para ele que assim apareça nas
análises do quadro político: vai configurando-se como uma opção fora da
dicotomia PT-PSDB e atrai possibilidades de alianças. "Adensa o
entorno", como se costuma dizer.
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