segunda-feira, 2 de julho de 2012

Política: trair e coçar é só começar






Assombro e estupefação. Esses foram os sentimentos dimanados por muitos ao se depararem com a decisão do Partidos Trabalhadores de Teresina, que decidiu por candidatura própria do senador Wellington Dias, mudando de opinião pela enésima vez em relação a aliança, antes, costurada com o PTB.

Nada mais lógico. Tudo dentro do ambiente em que se dá os jogos de poder num país que permitiu dividir sua estrutura estatal, suas riquezas e sua alma com partidos políticos comandados por coronéis travestidos de democratas.

É preciso acabar com falsos romantismos e idealismos que só atrapalham a compreensão dos fatos e atos políticos. A política é o que é porque somos o que somos, já vaticinou Maquiavel, filósofo florentino que ousou dizer a verdade sobre a nossa natureza.

O fato de o PT ter na origem a luta em defesa dos trabalhadores não tem o condão de torná-lo isento, despido de interesses e  motivações mesquinhos. Não. Isso é só uma falsa premissa, largamente desnutrida pelo correr dos fatos.

A famosa democracia interna do partido, tão decantada pelos próceres partidários, dava conta de um partido capaz de atender tão somente as vozes “estridentes e libertárias”  de seus filiados. Falso como uma nota de três reais.

O leadin case mais famoso ocorreu no maranhão. A tenebrosa política maranhense, comandada pelo incomum (termo usado pelo Lula) Sarney, sentiu na pele a arrogância e o desmando do camarada Lula. Bem no estilo stalinista. Ninguém disse nada.

Suplicy e Cristóvão Buarque sentiram na pele a fúria do operário “democrata”, quando resolveram disputar as prévias para presidência da república. Aquele foi isolado; este, foi demitido por telefone no primeiro governo petista, quando exercia o cargo de ministro da educação.

Recentemente, o atual prefeito de Recife foi engolido por essa mesma lógica. O petista poderia, legitimamente, disputar a reeleição. Venceu com folga as prévias, mas foi defenestrado para atender um projeto político maior, lá pelas bandas de São Paulo.

Para fechar o ciclo, a recente aproximação fotogênica de Lula com Maluf. Tudo, repito, dentro da lógica do poder, dos interesses partidários que de há muito não tem nada de programático. Nada de virtuoso.

A decisão tomada pelo PT de Teresina obedece a essa lógica. O Partido, que se viu ameaçado por conta da conjuntura política atual e de 2014, resolveu, então, fazer essa acrobacia, mexendo em todo cenário político local.

As críticas devem ser feitas. E como!! Afinal quem se arvorou de monopolista da ética, de fundador de um novo homem-político, de uma nova maneira de ser, deve ser emparedado pelas suas próprias contradições.

É preciso, no entanto, entender que o partido agiu como todos os outros: fundado na idéia central de que a busca pelo poder é o único resultado a ser avistado no horizonte político.

PT, PTB, PMDB, PSDB e todos seus congêneres, com raríssimas exceções, se não “traíram” ainda vão trair. É uma questão de tempo e oportunidade. Trair e coçar é só começar.

A única fidelidade cultivada nesse meio é a que protege seus próprios interesses, suas próprias ambições. Na mais real, nada mais humano. Nada mais político.

Nenhum comentário:

Postar um comentário