Assombro e estupefação. Esses
foram os sentimentos dimanados por muitos ao se depararem com a decisão do
Partidos Trabalhadores de Teresina, que decidiu por candidatura própria do
senador Wellington Dias, mudando de opinião pela enésima vez em relação a
aliança, antes, costurada com o PTB.
Nada mais lógico. Tudo dentro do
ambiente em que se dá os jogos de poder num país que permitiu dividir sua
estrutura estatal, suas riquezas e sua alma com partidos políticos comandados
por coronéis travestidos de democratas.
É preciso acabar com falsos
romantismos e idealismos que só atrapalham a compreensão dos fatos e atos
políticos. A política é o que é porque somos o que somos, já vaticinou Maquiavel,
filósofo florentino que ousou dizer a verdade sobre a nossa natureza.
O fato de o PT ter na origem a
luta em defesa dos trabalhadores não tem o condão de torná-lo isento, despido
de interesses e motivações mesquinhos. Não.
Isso é só uma falsa premissa, largamente desnutrida pelo correr dos fatos.
A famosa democracia interna do
partido, tão decantada pelos próceres partidários, dava conta de um partido
capaz de atender tão somente as vozes “estridentes e libertárias” de seus filiados. Falso como uma nota de três
reais.
O leadin case mais famoso ocorreu no maranhão. A tenebrosa política
maranhense, comandada pelo incomum (termo usado pelo Lula) Sarney, sentiu na
pele a arrogância e o desmando do camarada Lula. Bem no estilo stalinista.
Ninguém disse nada.
Suplicy e Cristóvão Buarque
sentiram na pele a fúria do operário “democrata”, quando resolveram disputar as
prévias para presidência da república. Aquele foi isolado; este, foi demitido por
telefone no primeiro governo petista, quando exercia o cargo de ministro da
educação.
Recentemente, o atual prefeito de
Recife foi engolido por essa mesma lógica. O petista poderia, legitimamente,
disputar a reeleição. Venceu com folga as prévias, mas foi defenestrado para
atender um projeto político maior, lá pelas bandas de São Paulo.
Para fechar o ciclo, a recente
aproximação fotogênica de Lula com Maluf. Tudo, repito, dentro da lógica do
poder, dos interesses partidários que de há muito não tem nada de programático.
Nada de virtuoso.
A decisão tomada pelo PT de
Teresina obedece a essa lógica. O Partido, que se viu ameaçado por conta da
conjuntura política atual e de 2014, resolveu, então, fazer essa acrobacia,
mexendo em todo cenário político local.
As críticas devem ser feitas. E como!!
Afinal quem se arvorou de monopolista da ética, de fundador de um novo
homem-político, de uma nova maneira de ser, deve ser emparedado pelas suas
próprias contradições.
É preciso, no entanto, entender
que o partido agiu como todos os outros: fundado na idéia central de que a
busca pelo poder é o único resultado a ser avistado no horizonte político.
PT, PTB, PMDB, PSDB e todos seus
congêneres, com raríssimas exceções, se não “traíram” ainda vão trair. É uma
questão de tempo e oportunidade. Trair e coçar é só começar.
A única fidelidade cultivada nesse
meio é a que protege seus próprios interesses, suas próprias ambições. Na mais
real, nada mais humano. Nada mais político.
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