quinta-feira, 19 de julho de 2012

TCE e o fato “sobrálico”



O caso Lilian Martins é o fato “sobrálico” da política local. Isso mesmo. Ao alçarem a  primeira-dama à condição de conselheira do Tribunal de Contas do Estado, o governo dos socialistas paroquiais produziram o chamado fato “sobrálico”, termo que serve de referência para a constatação de uma formulação ou tese, que, se verificada, confirma predições e teorias.

A expressão nasceu de uma história protagonizada por, nada menos, Albert Ainstein, gênio da física. Para o alemão genial, “os raios de luz não tinham trajetória retilínea no espaço ao passarem perto de corpos celestes de certo porte, porque são atraídos pela sua gravidade”. Isso contrariava, nada menos, do que tudo que se pensava a respeito do assunto, à época.

Para provar sua tese, Ainstein desafiou os céticos ao apontar que no “dia tal, no ano tal, no mês tal”, por meio de instrumentos científicos, poder-se-ia observar o fenômeno que comprovaria sua afirmação. Quatro cientistas ingleses vieram a Sobral, cidade do sertão do Ceará, apontada pelo cientista judeu como o local onde aconteceria o fenômeno. Constataram, então, o fato.

A história, que deu origem ao termo, foi contada por Aníbal Damasceno Ferreira a Augusto Fischer, intelectual gaúcho, autor de “ Inteligência com dor, Nelson Rodrigues Ensaísta”. No livro, o gaúcho utiliza a história para classificar Nelson Rodrigues como o fato “sobrálico” do ensaio brasileiro, comparando-o ao francês Montaigne, “inventor” do ensaio.

Utilizamos essa expressão, nesse texto, para apontar que o processo que levou à nomeação da primeira-dama ao TCE é o fato “sobrálico” da política desse estado com “e” minúsculo. É a constatação, em todos os seus termos, da tese de que não superamos, nem de longe, a traumática condição de curral eleitoral.

Houve um momento, após ascensão de uma “nova” classe política, em detrimento dos dinossauros de antanho, que se vendeu a novidade de que havíamos superado essa fase nefasta. Nada mais mentiroso.

O fato “sobrálico”  da nomeação desmonta essa tese de forma insofismável. Aponta que o passado não passou. Aliás, se eternizou. E promete projetar-se futuro adentro, deixando como herança escombros e práticas políticas condizentes com o tamanho de nossa economia e de nossos índices sociais.

E é preciso lembrar: o ato da nomeação veio referendado por vinte e cinco dos trinta deputados que compõem a “gloriosa” assembléia legislativa. A grande maioria dos parlamentares referendou, numa posição indigna, o ato, emprestando legitimidade a uma imoralidade sem tamanho. São coautores desse vilipêndio.

Não, senhores, não superamos nada. Os que sucederam os “governos vida-nova” da vida só repetem, de forma mais sofisticada, ações que têm o condão de denegrir o pouco que restava de moralidade na história política e social de um estado que nasceu para servir, sempre, aos que os comandam, independentemente do verniz civilizatório em que são lambuzados.

Provavelmente a justiça, com seus ritos legalistas, faça justiça!?, devolva o cargo, aferrando-se ao positivismo jurídico que impera no nosso sistema legal.  

De toda sorte, o fato “sobrálico” ocorreu e mostrou porque somos pobres e continuaremos a vivenciar toda uma mentira impregnada em slogans governamentais de  auto-ajuda, convenientes aos mandatários de turno.

Zeferino Júnior – z_junior@bol.com.br- Servidor Público

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