O
Financial Times publicou hoje um texto em que afirma que Lula ainda
atua como se fosse presidente do Brasil. E questiona as credenciais
democráticas de um líder que grava um vídeo em apoio à candidatura de
Hugo Chávez à Presidência da Venezuela. O marqueteiro que cuida da
campanha de reeleição do ditador é João Santana. “Eleição de um ditador,
Reinaldo? Enlouqueceu?”
Não! Esta é a forma do autoritarismo moderno:
recorrer às urnas para solapar direitos fundamentais dos indivíduos e da
sociedade. Chávez é o presidente de uma país em que não há, por
exemplo, imprensa livre. Juízes independentes são perseguidos, e alguns
críticos do regime ou estão presos — sob a acusação de violações de leis
que não estão relacionadas à política — ou tiveram de se exilar. A
quantidade de absurdos que há no vídeo é fenomenal.
A mensagem
de Lula é dirigida à turma do Fórum de São Paulo. Durante alguns anos, o
Fórum foi o grande ausente da imprensa brasileira. Os únicos dois
malucos que tocavam no assunto éramos Olavo de Carvalho (ele primeiro) e
eu. Parecia que o grupo era uma invenção nossa, algo saído da nossa
cachola. Os narcoguerrilheiros das Farc faziam parte da turma. Quanro
Raúl Reyes, um dos terroristas-chefe morreu — naquele ataque que as
forças colombianas fizeram em território equaotiriano —, Chávez lamentou
a morte do herói e confessou que o conheceu justamente numa reunião do
Fórum. A instância, que reúne partidos e grupos de esquerda da América
Latina, foi criada por Lula e Fidel Castro.
No vídeo,
Lula trata do Fórum como se fosse mesmo uma unidade, um grupo — e é. Diz
que, em 1990, quando ele foi criado, ninguém imaginava que iriam chegar
aonde chegaram: “Naquela época, a esquerda só estava no poder em Cuba.
Hoje, governamos (sic) um grande número de países. Nos países em que
somos oposição, inclusive, os partidos do Fórum têm uma influência
crescente na vida política e social”. E mistifica:
“Os governos
progressistas estão mudando a face da América Latina. Graças a eles,
nosso continente se desenvolve de modo acelerado, com crescimento
econômico, criação de empregos, distribuição de renda e inclusão
social”.
Nem diga!
A Venezuela
caminha célere para o caos econômico e se ancora exclusivamente no
petróleo; a Argentina já foi para o vinagre — é questão de tempo
(Cristina Kirchner não é do Fórum, mas foi adotada pela turma); as
economias de Bolívia e Equador sobrevivem apesar do governo, não por
causa dele. A administração supostamente esquerdista do Peru não mexeu
uma vírgula no modelo dito “neoliberal” que herdou de Alan Garcia.
Estáveis mesmo são a Colômbia e o Chile, que estão fora da influência
nefasta do Fórum. Lula, portanto, mente. Continuando na sua enorme
vocação para falar bobagem, diz: “Hoje, somos referência internacional
de alternativa vitoriosa ao neoliberalismo”. Trata-se de um cretinismo
ímpar. “Somos”, quem?
No essencial, o próprio Lula não alterou aquilo
que recebeu — no que mexeu, foi para pior. “Novo modelo” — que é muito
velho —, quem testa é Chávez. E é um desastre.
A fala de
Lula evolui para o asqueroso. Diz que há muito por fazer na América
Latina. No discurso em que começou exaltando a ditadura cubana e em que
pede votos para outro tirano, lembrou como exemplos negativos Honduras e
Paraguai, os dois países que, dentro da lei e seguindo suas respectivas
constituições, depuseram presidentes. Manuel Zelaya tentou dar um golpe
bolivariano, insistindo num plebiscito considerado ilegal pela Justiça.
Fernando Lugo foi impichado segundo as regras do jogo, o que até ele
reconheceu. Sem medo da estupidez, o Babalorixá de Banânia chama as
Malvinas de “colônias”.
Deixa, no
vídeo, o seu abraço a Hugo Chávez e mente: “Sob a liderança de Chávez, o
povo venezuelano teve conquistas extraordinárias”. Avança: “As classes
populares nunca foram tratadas com tanto respeito, carinho e dignidade”.
E ainda: “Chávez, conte comigo; conte conosco, do PT; conte com a
solidariedade e apoio de cada militante de esquerda, de cada democrata e
de cada latino-americano. Tua vitória será a nossa vitória”.
Entenderam
agora por que Dilma Rousseff endossar a suspensão do Paraguai do
Mercosul e aproveitou a crise para abrigar o tiranete de Caracas? Os
“foristas” têm a pretensão de governar toda a América Latina.
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