Dizem que os deuses primeiro enlouquecem aqueles que querem
destruir. O processo de destruição, portanto, inicia-se com a loucura sendo
instalada, incutida, para, depois, a destruição chegar, a galope. Os deuses são
assim: estabelecem um ritual para a extinção de seus súditos. É da natureza dos
que comandam os destinos mundanos trabalhar com as fragilidades instiladas em
nós, meros mortais que somos.
A decisão do prefeito Herculano, com o apoio da executiva
estadual do Partido dos Trabalhadores-PT, de modificar a posição tomada pela
executiva municipal é uma dessas ações que acabam por revelar o nível de
entendimento dessa turma, que chegou ao poder em São Raimundo, reforçando o
grau de comprometimento da razão, já tão avariada de há muito.
Tempo e tranquilidade para tomar decisões importantes eles
tiveram. Não tiveram, no entanto, consciência de seu papel no processo político
da cidade. Não foram capazes de rascunhar um projeto, uma ideia que fosse forte
o suficiente para descortinar horizontes. Deixaram as frágeis amarras que uniam
um grupo puírem de vez, apodrecerem até sumir.
O ambiente político, que já não era bom, tornou-se
irrespirável. Uma intranquilidade capaz de destruir quaisquer chances de êxito
na disputa pelo poder em São Raimundo.
O pior dos mundos numa campanha política é a instabilidade. Se
não houver uma força central, um ponto de referência, uma plataforma onde possa
assentar estratégias, não há como emprestar à campanha política a força necessária
para caminhar célere e rígida.
Ao contrário, o caminhar trôpego, a falta de eixo, torna-se a
marca maior da campanha, levando o grupo
situacionista ao abismo. Um suicídio pronto a ser levado a efeito.
Quem rir à toa, nesse caso, é o adversário. Sem precisar
desarticular o opositor, restando apenas cuidar de seu próprio umbigo, o grupo
Ferreira só se preocupará em não cometer erros. Essa eleição aponta para ser
uma das mais fáceis da história da cidade. A volta do grupo ao poder é uma
crônica anunciada. Cartas marcadas. Tudo desenhado para que o estilo Ferreira
triunfe mais uma vez nesse ano simbólico, que é o centenário da cidade.
Evidente que existem variáveis no meio do caminho. A dinâmica
da política não permite que se faça exercício de futurologias em cima de fatos
recentes. Mas, diante das insanidades ocorridas atualmente, tudo leva a crer
que os deuses já estão se refestelando com o início do processo de destruição
deflagrado com a primeira de muitas ações tresloucadas desse grupo que caminha
para a autodestruição.
É isso.
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